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* CIRURGIA DE IMPLANTE DE ANEL 
CORNEANO ÍNDICE (click nos 
temas abaixo para ver a informação específica) 1. 
Anatomia do olho     O olho é responsável pela captura das imagens. Para exercer essa 
função, possui um sistema óptico formado por duas lentes: a córnea e o 
cristalino. Ambas devem ser transparentes e possuir superfícies lisas e 
regulares para permitirem a obtenção de imagens nítidas. 
  
  
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    | Figura 
      1:          A: 
      Córnea.   B: Cristalino |     voltar 
ao índice   2. 
Ceratocone    
    Definição:O ceratocone é uma condição degenerativa e progressiva da 
córnea com padrões hereditários de transmissão.
 Tipicamente, é caracterizado por um afinamento e encurvamento progressivo da 
córnea central  ou inferior. Essa alteração 
provoca deformação das imagens, com aumento da miopia, astigmatismo regular e 
astigmatismo irregular. Esse ultimo não consegue uma compensação adequada com 
óculos.
 Nos casos mais avançados, o ápice desta área 
abaulada adquire o formato aproximado de um cone, o que explica a origem do 
nome: "cerato" (= córnea) + cone.
 
  
  
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    | Figura 2: Córnea normal à esquerda e córnea com a 
      curvatura aumentada (ceratocone) à direita |        Sua patogênese 
ainda é bastante discutida e com certeza ainda temos muito a aprender, mas 
parece que algum gatilho desencadeia o processo de degradação do colágeno corneano. Parece que o trauma causado pelo ato de coçar os olhos ou até mesmo o 
uso de lentes de contato podem desencadear o processo, que tem como conseqüência 
liberação de enzimas intracelulares que podem causar dano ao seu redor (Wilson SE et al, 2001).Características:
 Usualmente é uma 
condição bilateral, mas é frequentemente assimétrica. Portadores de ceratocone unilateral geralmente demonstram o surgimento de 
sinais e sintomas no olho contra-lateral quando 
acompanhados por longos períodos de tempo. O olho primeiramente afetado, na maior parte dos casos apresenta um curso de evolução 
mais acentuado.
 Usualmente passa a ser sintomático e é 
diagnosticado durante a puberdade. Em casos não muito severos, podem adquirir 
estabilidade na idade adulta.
 Diagnóstico:
 O médico desconfia estar 
diante de um portador de ceratocone quando seu cliente passa a apresentar uma 
evolução acelerada do "grau" dos seus óculos, ou apresenta astigmatismo alto, ou 
não consegue prescrever óculos que forneçam uma boa visão. As trocas das lentes 
dos óculos passam a ser freqüentes e pouco eficientes. Exames realizados na 
infância dificilmente conseguem prever qual a chance do desenvolvimento de um ceratocone no futuro.
 Um exame de Topografia 
Corneana pode facilitar o estabelecimento do diagnóstico. Este exame (de 
forma similar a uma topografia de um terreno) irá produzir um mapa colorido, o 
qual delimita quais são as áreas mais elevada e quais as mais baixas da córnea. 
As áreas elevadas são mostradas em vermelho e as mais baixas em azul. No ceratocone, teremos uma mancha vermelha demonstrando a existência de uma 
elevação importante (que é o "cone") e descentralizada.
 
  
  
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    | Figura 3: Mapa de topografia corneana mostrando a 
      existência de uma área elevada (avermelhada) correspondente ao ceratocone |   Incidência:
 A incidência do ceratocone 
na população varia de 50 a 230 casos para cada 100.000 habitantes. Pais 
portadores de ceratocone podem ter 6 a 14% 
descendentes acometidos, uma chance de 15 a 67 vezes maior que a população 
geral. Famílias acometidas podem apresentar um padrão topográfico sugestivo de 
ceratocone subclínico em 
cerca de 50% dos membros.
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ao índice   3. 
Tratamentos para o ceratocone       Para obter uma 
boa visão, o portador de ceratocone segue as etapas descritas abaixo. 1a. etapa: óculos2a etapa: 
lentes de contato
 3a etapa: cirurgia
     Normalmente, uma 
pessoa somente passa de  uma etapa a outra se for estritamente necessário. 
Nem sempre o ceratocone continua progredindo ao ponto de passar por todas essas 
etapas.É importante salientar que nenhuma das opções 
descritas promovem a cura da doença. Uma córnea pode continuar a ficar cada vez 
mais irregular mesmo após um implante de anel corneano ou de um transplante.
 Evolução dos eventos:     A reabilitação visual em 
casos leves e moderados pode ser feita com óculos. Quando 
este tipo de correção deixa de ser suficiente o próximo passo é adaptar lentes 
de contato rígidas, as quais ficam geralmente bem adaptadas e toleradas em mais 
de 80% dos pacientes (Schirmberk et al,2005). A medida que o ceratocone avança 
torna-se maior a protusão apical, consequentemente a adaptação e tolerância das 
lentes diminui.  A cicatrização apical pode diminuir acentuadamente a 
qualidade de visão do paciente. Em casos mais avançados podemos lançar mão de 
lentes de contato especiais que apresentam um grau de conforto maior.
 O tratamento standard para os pacientes intolerantes a 
lentes de contato, antes do advento dos Anéis Corneanos, era o transplante de 
córnea. Importante relatar que cerca de 30% dos pacientes vão apresentar algum 
episódio de rejeição durante os cinco anos seguintes à cirurgia (Yahalom, 2005). 
Por outro lado, temos que levar em consideração que, dentre todos os 
transplantes realizados no Ser Humano, o de córnea é o que apresenta o maior 
índice de sucesso com cerca de 95% de resultados satisfatórios depois de 2 anos 
de cirurgia.
 Com o surgimento dos Anéis Corneanos, 
passamos a ter mais uma importante opção no tratamento do ceratocone. O objetivo 
é tentar melhorar aquela córnea já bastante irregular, sem ter substituí-la. 
Desta forma, evitamos os riscos inerentes a uma cirurgia muito mais invasiva 
como é o transplante de córnea. A cirurgia de Implante de Anel Corneano 
apresenta as seguintes vantagens:
 
 1- É reversível (o Anel poderá ser 
removido a qualquer tempo);
 2- É reajustável (o Anel poderá ser substituído 
por outro mais fino ou mais grosso ou ser reposicionado se necessário);
 3- 
Não impede a realização de um transplante de córnea futuro;
 4- O risco de 
infecção é mínimo e, se ocorrer, é geralmente restrito à córnea;
 voltar 
ao índice   4. O 
Anel Corneano        4.1. O que é?O 
Anel Corneano é um dispositivo feito de um material acrílico especial que há 
décadas vem sendo utilizado em cirurgias oculares (é o mesmo material com o qual 
se faz grande parte das lentes intra-ocularres para catarata).
 Trata-se de uma estrutura transparente e bastante fina 
(medida de sua espessura é feita em micras!) em formato anelar dividido em duas 
partes. Não é facilmente visível a "olho nú" quando implantado na córnea.
 
  
  
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    | Figura 4: Iluminação especial e amplificação da imagem 
      para permitir a visualização de um Anel Corneano implantado na 
    córnea |      Nem todos os 
portadores de ceratocone recebem o anel inteiro. Dependendo das características 
de cada caso, pode ser realizado o implante de segmentos menores do anel.      4.2. 
Como funciona?       Quando o Anel é implantado na córnea, esta fica 
encurtada. Como conseqüência, ela tem sua curvatura reduzida (a altura do "cone" 
reduz), ficando mais esticada e mais regular. Esse efeito é responsável pela 
melhoria obtida na acuidade visual, especialmente por reduzir o astigmatismo 
irregular. Pelo mesmo motivo, também fica mais tolerável o uso de lentes de 
contato no pós-operatório, sejam gelatinosas ou rígidas. 
  
  
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    | Figura 5: . À esquerda: pré-operatório.   À 
      direita: mostra o aplanamento da córnea obtido após o implante do Anel 
      Corneano |          Também é importante sua função, como dispositivo 
rígido que é, de manter a estrutura da córnea, estabilizando ou lentificando a 
evolução do ceratocone.          4.3. 
Ele pode ser indicado no meu caso?        O implante do Anel Corneano 
pode ser útil nos casos:1- Não obtenção de boa acuidade visual, pois os 
óculos não a melhoram significativamente e as lentes de contato são 
incômodas;
 2- Progressão rápida do ceratocone. Algumas vezes a cirurgia deve 
ser antecipada para evitar que o ceratocone evolua para um quadro muito 
avançado. Sabemos que os anéis corneanos são bem mais eficientes nos casos 
iniciais e moderados. Quando o grau evolutivo do ceratone é avançado, perde-se a 
oportunidade de se utilizar os Anéis Corneanos, ficando o transplante de córnea 
como a única opção terapêutica possível.       Nos casos avançados, surgem alterações 
estruturais na córnea, como estrias e opacificações, que a tornam cada vez mais 
incapaz de exercer funções ópticas.       Por outro lado, os Anéis Corneanos não são 
indicados quando o ceratocone não mostra progressão e é possível obter boa visão 
com óculos e/ou lentes de contato. Também não têm indicação os casos muito 
avançados (para estes resta o transplante de córnea). 4.4. Como é a cirurgia? Preciso ficar internado(a)?
     A cirurgia dura aproximadamente 15 minutos e é 
feita com anestesia tópica (apenas colírios), utilizando-se um 
microscópico.O procedimento consiste na confecção de um 
túnel na córnea, por onde são introduzidos os segmentos do Anel.
     Não é necessária internação.  
 4.5. Qual 
resultado eu posso esperar? Eu vou ficar livre dos óculos e das lentes de 
contato?
 Poderemos considerar que foi obtido 
sucesso com a cirurgia se a acuidade visual com óculos mostrar melhora 
significativa ou se passar a ser possível a utilização de lentes de contato com 
tolerância. Estas lentes podem ser gelatinosas, rígidas ou a associação das duas 
(uma lente gelatinosa embaixo e uma rígida por cima). Alguns pacientes conseguem 
um bom resultado usando lentes gelatinosa para a correção da miopia associada 
com óculos para a correção do astigmatismo. É muito difícil prever a quantidade 
de miopia ou astigmatismo que restará após a cirurgia, mas uma redução de ambos 
é o que ocorre na maioria dos casos. A prescrição de uma correção óptica (óculos 
ou lentes de contato) somente será tentada após um período médio de 3 meses, 
pois antes ocorre uma flutuação muito grande da refração (o grau varia muito), o 
que é percebido pelas flutuações da visão, especialmente nos primeiros dias após 
a cirurgia. A inflamação gerada pelo trauma cirúrgico produz um edema corneano 
importante no primeiro dia de pós-operatório, o que acaba por regularizar ainda 
mais a córnea e contribuir, ainda que de maneira temporária, na melhoria da 
visão. Não é rara a  percepção de que a visão piorou entre o primeiro dia 
de pós-operatório e os subseqüentes.
 É importante 
frisar que a cirurgia de implante de Anéis Corneanos NÃO tem finalidade 
refrativa, ou seja, NÃO tem o objetivo de fazer o paciente ficar livre de óculos 
ou lentes de contato.
 Existem cirurgias com finalidade 
refrativa que podem ser indicadas após a cirurgia do Anel para a redução da 
miopia e do astigmatismo.
 
      4.6. 
Qual o tempo de recuperação? (para voltar ao trabalho, leitura, 
etc)Após um período pós-operatório médio de 3 
meses (em alguns casos temos que esperar 6 ou mais meses), será feito um exame 
para se prescrever um auxílio óptico para correção refracional. Durante este 
período, o paciente contará somente com a visão do olho contra-lateral. Os 
óculos anteriores à cirurgia podem continuar sendo utilizados até que seja 
possível uma nova prescrição.
     Não há restrição ao uso de lentes de contato no 
olho contra-lateral (não operado) durante o período de recuperação.     O regresso a trabalhos burocráticos poderá 
ocorrer dentro de poucos dias, desde que se evite ambientes com poeira, mofo, 
vapores, produtos voláteis ou biológicos potencialmente contaminados.     Não deve ser utilizado computador em excesso na 
primeira semana, especialmente em ambientes ressecados (freqüentes quando se usa 
ar-condicionado)  
      4.7. 
O Anel estabiliza o ceratocone?Por ser um 
dispositivo rígido, ele poderá tornar mais firme a estrutura da córnea, evitando 
ou lentificando a evolução do quadro para um transplante de córnea.
 
      4.8. 
E se não der certo? Se eu não ficar satisfeito?Apesar de raro, se não for obtida nenhuma vantagem com o implante do Anel 
Corneano, o paciente poderá se submetido a uma segunda cirurgia para substituir, 
implantar novo segmento ou modificar o posicionamento do Anel. Também poderá ser 
indicado o transplante de córnea. Nesse caso, não é necessária a remoção do 
Anel, uma vez ele estará contido no fragmento de córnea que será 
substituído.
        4.9. 
Existem complicações?     Como todo 
procedimento cirúrgico, o implante de Anel Corneano não fica isento de 
complicações cirúrgicas.Felizmente, trata-se de uma 
técnica reajustável e reversível, de forma que qualquer modificação no 
posicionamento adequado dos segmentos de Anel poderá ser corrigida com uma nova 
reintervenção.
 Complicações infecciosas são raras e podem 
ser evitadas com o esmero na aplicação dos colírios antibióticos e higiene 
adequada. Mesmo assim, se ocorrer infecção, ela geralmente fica limitada à 
córnea, facilitando a ação dos antibióticos tópicos.
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5. 
Cuidados Pré-operatórios     
6. 
Cuidados Pós-operatórios     
7. 
Como pingar colírios   |